quinta-feira, dezembro 02, 2004

O dia da Restauração

A partir de agora o 1º de Dezembro passa a ter um duplo significado.
Para além da efeméride da Restauração da Independência, será lembrado como o primeiro dia do fim do usurpador.

Santana Lopes Ainda estrebucha. Ainda dará origem a muito ruído. Mas a culpa do seu infortúnio é inteiramente sua.
Deixou-se cair na armadilha deixada por Durão Barroso. Se tivesse recusado assumir a pasta de 1º Ministro e ficado apenas como espectador, poderia ter, nos próximos tempos, aspirações a um futuro político digno desse nome. Mas o apelo do poder, alí logo ao virar da esquina, foi irresistível.
Ontem, ainda estava a tempo de salvar a face. Bastava para isso pedir a demissão do seu cargo de dirigente do "PPD/PSD". Mostrava assim ter dignidade numa altura em que pouca lhe resta.
Mas PSL ficará agarrado ao poder - ou ao que resta dele - até ao último estretor.
Se se mantiverem as condições políticas actuais, o PS ganhará confortavelmente as próximas eleições, restando apenas a duvida se o conseguirá com ou sem maioria absoluta.

Na Câmara de Lisboa, PSL poucas probabilidades terá de tomar em mãos os seus projectos, orientados que estavam para a subtil obra de fachada, a promoção pessoal gratuita, cenário de pré-campanha presidencial. As suas ambições presidenciais terminaram quando propôs Cavaco Silva como candidato apoiado pelo PSD. Se agora voltar atrás (o que não me admiraria nada), partirá numa posição duplamente fragilizada. Em primeiro lugar porque a sua "performance" governativa mostrou total falta de sentido de estado; em segundo lugar, demonstraria a total inconsequência das suas palavras e actos. Veremos
Contudo é curioso notar a pressão psicológica de Pacheco Pereira sobre Cavaco para que este tome as rédeas do PSD e se "candidate" a 1º Ministro.

Neste rescaldo, PSL será responsabilizado por ter entregue o poder de mão beijada ao PS. Muito provavelmente a Câmara de Lisboa cairá a seguir e, com o balanço desta onda anti-governo, muitos municípios voltarão às mãos do PS (nomeadamente Porto, Coimbra e Figueira da Foz). E quanto às presidenciais, veremos.

Por tudo isto, PSL acabará imolado no altar das vaidades.

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