sexta-feira, outubro 20, 2006

Algo vai mal neste governo

Na minha opinião, até há pouco, o Governo tem tentado gerir a sua imagem com parcimónia, mostrando determinação nalgumas medidas, talvez justiça noutras. Fazendo anúncios em momentos chave, procurando criar um fluxo constante de notícias que dêem a entender que a máquina está em movimento e que as coisas estão a mudar.

Mas parece que a euforia da apresentação do Orçamento de Estado provocou um descalabro na central de informação do Governo.

Começou pelo anúncio das taxas moderadoras nos internamentos e ambulatório.
Chamem-lhe outra coisa por favor. Uma taxa moderadora destina-se, como o nome indica, a moderar a utilização de um serviço pelo que só quem realmente necessita a ele irá recorrer. Não vejo ninguém a simular uma apendicite só para passar uns dias internado (há excepções, claro).
É uma medida que não serve para nada. Gera poucas receitas, como o ministro admitiu, e cria descontentamento geral e uma sensação de castigo junto dos principais visados - a classe média.

Depois, o previsto fim de algumas SCUT.
Esta era uma promessa do Governo, evidentemente condicionada a certos pressupostos. Não me parece de todo que os alegados pressupostos para o fim das SCUT em causa estejam cumpridos.

1º, pegando no caso do IC1, troço Estarreja-Porto
Para que raio é que se faz uma auto-estrada ao lado da A1, em que nalguns pontos ambas as vias estão separadas por uns meros 500 metros, se ambas terão portagens?
Que alternativa é que temos aqui?
Porventura o Sr. Ministro já tentou fazer o percurso Aveiro-Porto pela Nacional 109 ou pelo IC2 (antiga Nacional 1)? Já contou os semáforos limitadores de velocidade que aí existem?
Já percebeu que a antiga 109 é uma longa (e má) estrada municipal ladeada de stands de automóvel, tascas, habitações encostadas à berma, paragens de autocarro, rotundas, etc...
Que alternativa de circulação é esta?
Mais valia ter-se construído uma normal via, vedada a peões, mas sem perfil de auto-estrada e sem portagens. Serviam-se melhor as populações.

Outro exemplo: no troço da 109 entre Aveiro-Fig. da Foz, existem 52 semáforos para um percurso de 62 Km. É quase um semáforo por Km.
Demoro 50 minutos a fazer este trajecto e sempre em excesso de velocidade. Por auto-estrada serão 30 minutos, cumprindo os limites.
É triste ver uma cidade que, quando está quase a ter as acessibilidades que lhe foram subtraídas ao longo de décadas, comece logo a ser castigada.

Mas eu até estaria disposto a aceitar certos argumentos economicistas para esta medida. Dêem-nos algo em troca. Baixem o IVA ou baixem o IMV ou baixem as portagens em geral ou dotem os municípios das verbas necessárias para tornar transitáveis as vias que gerem.

Continuou com o "mau momento" do secretário de estado da economia:
Culpar os consumidores dos aumentos da energia foi um tiro no pé, em ambos os pés. Anunciar aumentos de 16% e depois dizer que afinal é só 9% diz tudo.

Eu quero estar enganado mas parece que afinal o que importa ao Governo é manter a Brisa e a EDP nos lucros fabulosos a que estão habituados.
Por aqui se vê que certas privatizações sempre foram feitas em benefício do bom povo
português.

quarta-feira, outubro 11, 2006

TV Portuguesa - notícias para idiotas ou a idiotice das notícias

Há cerca de 40 minutos um pequeno helicóptero chocou acidentalmente contra um edifício em Nova York.

SIC e TVI transmitem imagens em directo do edifício com 6 janelas em chamas, desde a abertura dos seus noticiários da noite.

Neste momento os bombeiros já apagaram os incêndios que surgiram na sequencia do acidente.

A notícia é banal; o tipo de acidente é normal; o número de mortos deve ser reduzido e não deve superar o normal balanço dos acidentes de viação de um fim de semana nos EUA.

Afastada de imediato a hipótese de atentado, os comentários estúpidos continuam, do género: será que o helicóptero teve um problema e chocou com o prédio, ou será que o predio estava no caminho do helicóptero e a culpa é do arquitecto? Terá sido o nevoeiro, ou o monstro do espargute voador assustou o piloto?

Não há margem para mais especulações... mas as imagens lá continuam, agora com o incêndio apagado, vemos um prédio com 6 janelas partidas e chamuscadas. E já passaram 35 minutos.

Entretanto, no canal ao lado Portugal perde 2-0 com a Polónia. Bem feito. Melhor seria que Portugal ficasse já eliminado e que se acabasse com a selecção nacional e com o seleccionador e com o treinador e com tudo o que vem por arrasto e que se condecorassem os curruptos da liga que afinal são pessoas de bem, e que todos os apitos de ouro falso passassem a monumento nacional. Pois afinal o povo gosta é de circo e o resto que se fecunde.

Falta-me a paciência para este país. Mas não é só por cá que as coisas fucionam assim.

quinta-feira, outubro 05, 2006

O Público em linha reabre acesso gratuito

Há 19 meses critiquei o fecho da edição em linha do Público pelas razões apontadas aqui.
Pelas mesma ordem de ideias aplaudo agora a reabertura deste serviço de referência, embora com algumas limitações.