segunda-feira, junho 20, 2005

A propósito do post PONTE, NÃO PONTE... VALE E HOTEL

Antes de mais quero saudar mais um recém chegado blogue da região da Figueira - o Buarcolas.
A propósito do post que lá encontrei, e que poderão ler usando o link acima, ocorre-me este comentário:

Eu protestei na Assembleia Municipal pelo atentado ao Pinhal Sottomayor.
Eu critiquei em várias ocasiões os atentados urbanísticos na Figueira, nomeadamente as urbanizações em cima das linhas de água (e não só a linha de água do Vale do Galante).
Eu critico agora este atentado urbanístico que se pretende para a Ponte do Galante e respectivo Vale. Não é a construção de um hotel que está em causa. É a transformação de um projecto para um hotel de 4 andares em um Aparthotel de 16 a que se juntam diversos edifícios com 7 andares.
A vista de minha casa já a tiraram há muito tempo. Se essa é a motivação de alguns, não é a minha . Contudo, todos somos munícipes com direitos e deveres. E se temos o dever de pagar IMH mais elevado que os restantes munícipes por causa da localização (o da minha casa foi agravado o ano passado em 1000%!), também temos o direito a usufruir dos pressupostos subjacentes.

O que se prepara para a zona do Galante (Vale ou Ponte) é algo que viola as mais elementares regras de planeamento urbanístico. O excesso de construção em altura e o excesso de concentração de habitações, a inexistência de infraestruturas de apoio adequadas, são motivos mais do que suficientes para qualquer munícipe que goste da sua cidade ficar apreensivo.

No Algarve temos lado a lado o exemplo e contra-exemplo do que se deveria fazer em termos turísticos. Falo de Quarteira e Vila-Moura. Para onde vai o turismo de qualidade? Para onde gostam as pessoas da região de ir passear? Qual o local que serve de referência nos cartazes turísticos a nível mundial em termos de destinos de qualidade?
A Figueira perdeu uma oportunidade de ouro de se transformar na Vila-Moura da Beira-Litoral e caminha a passos largos para uma Quarteirização degradante. Os responsáveis são em primeiro lugar o Eng. Aguiar de Carvalho, seguindo-se os ilustres Pedro Santana Lopes e Duarte Silva. Mas também os figueirenses não estão isentos de culpa por permitirem que se chegass a este estado de coisas.
Se agora há um movimento de munícipes que se opõe a um crime, e tem força para o fazer, ainda bem. Eu sou um deles e continuarei a protestar sempre que puder quer seja pelo caso do Galante, quer seja pela selvajaria urbanística que grassa na encosta sul da Serra da Boa Viagem, ou pelo atentado ambiental permanente que a Cimpor leva a cabo há anos no coração da mesma serra, ou pela vergonha dos esgotos não tratados que ainda jorram para o rio. Infelizmente poderia continuar a dar exemplos ad nauseum.

Em conclusão, não concordo que erros passados legitimem erros futuros. A minha visão para a Figueira não é a do Carnaval Eléctrico no Verão para chamar o turista de pé descalço (e não vejam nas minhas palavras qualquer desdém pelos turistas de pé descalço - eu já dormi à porta de prédios nas ruas de Paris e passei fome em Barcelona).
Eu e muitos figueirenses desejamos um cidade para as pessoas, harmoniosa e equilibrada sob o ponto de vista ambiental e urbanístico. Desejamos uma cidade de referência no turismo de qualidade e, ao mesmo tempo, uma cidade que não seja madrasta para os seus filhos.
E decididamente não é este o caminho.

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