Por esta altura já tudo foi dito sobre Álvaro Cunhal. Nada do que eu disser terá algum significado perante tantos e elaborados elegios fúnebres, mais ou menos sinceros.
Deixo apenas esta pequena história, algumas vezes contada pelo meu pai em saudosos serões de amigos.
Numa altura após a fuga de Cunhal da prisão, este passou uns tempos numa casa clandestina perto da Figueira da Foz, mais precisamente nas Alhadas.
Por esses dias o meu pai, que se fosse vivo seria 3 meses mais velho que ele, estava acamado com uma hepatite. Um dia, correndo grandes riscos, visitou-o e levou-lhe frutas cristalizadas. E insistiu imenso para que as comesse, o que era penoso para alguém com uma hepatite. O meu pai também tinha estado preso, mas apenas 3 semanas.
Não se voltaram a ver.
Esta história foi-me contada há muitos anos. E foi-me contada tantos anos após ter tido lugar que mais parecia uma fábula. Mais pormenores havia que agora não interessam e outros de que já não me recordo.
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