quarta-feira, março 30, 2005

O novo código

Já está em vigor o novo código da estrada.
Ainda não li o documento na totalidade mas pretendo manter-me informado.

Em todo este processo a impressão que fica é que o condutor é um monstro irresponsável e que tem que ser dominado e castigado. Acredito que tal possa ser verdade para uma minoria. Tenho percorrido centenas de milhares de quilómetros, pelas mais diversas estradas deste país e, ao contrário daquela que parece ser a opinão vigente, acho que os condutores portugueses são, na sua maioria, responsáveis.

Excesso de velocidade:
Ninguém cumpre o limite de 120 Km/h nas auto-estradas. Será isto uma tragédia? Não me parece. As auto-estradas portuguesas são as vias mais seguras e com mais baixa sinistralidade no conjunto das vias do país. Por exemplo, este fim-de-semana não houve uma única vítima mortal e houve muito boa gente a circular a mais de 120 (ou de 140). Digo-o com conhecimento de causa pois fiz 400 Km entre Sábado e Domingo, debaixo de chuva.
Acho que era perfeitamente aceitável subir o limite para 140 Km/h nas auto-estradas, com as devidas restrições nos pontos onde tal seja desejável.

Álcool:
Uma estatística absurda legitima a afirmação de que os condutores com taxas entre 0,5 e 0,8 mg/l são responsáveis por 27% dos acidentes. Quem o diz baseia-se no facto de que 27% dos mortos responsáveis por acidentes de viação têm essa taxa de alcolemia. Pergunto eu, qual é a percentagem de mulheres responsáveis por acidentes de viação? Ou a de homossexuais? Seria legítimo extrapolar assim que o facto de ser mulher ou homossexual é um factor de risco?
Não estou com isto a querer legitimar a conjugação do consumo de bebidas alcoólicas e condução. Mas acho exagerado, e carece de fundamentação científica, considerar como muito grave a condução com 0,5 mg/l, e a consequente cassação da carta.

Todas as alterações do código têm consequências nos condutores.

Gostaria de ver uma responsabilização dos responsáveis (passe o pleonasmo) pelo estado e traçado das vias.

Gostaria de ver medidas que, em vez de multar o condutor por se esquecer de colocar o cinto - acto que só o prejudica a ele - obrigar a que todos os veículos vendidos em Portugal sejam obrigatoriamente equipados com todos os sistemas de segurança activa e passiva disponíveis.
Faz sentido que o cinto de segurança seja um opcional, ou apenas disponível no modelo topo de gama?
Esta medida seria facilmente implementada com incentivos fiscais de modo a que, um veículo equipado com todos os sistemas, fosse isentado do pagamento de impostos, na proporção que mantivesse o seu preço actual.

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