terça-feira, maio 17, 2005

O eterno défice

O Governador do Banco de Portugal está pessimista. Quando ele afirma que a situação orçamental é mais grave do que ele imaginava, então é mesmo muito grave.
Gostava de ouvir agora a opinião de Durão Barroso sobre um defice estimado em 7%. Não chegaria o discurso da tanga, nem o do nudismo completo. Talvez tivesse que se socorrer do discurso da doação de órgãos.
Neste cenário, Marques Mendes levanta a voz, clamando por medidas, entre as quais um orçamento rectificativo. Afinal o orçamento que ele alegremente aprovou e apoiou não serve? Afinal os governos que ele e o seu partido apoiaram foram assim tão incompetentes (para ser simpático)?
Marques Mendes faria melhor em estar calado, deixar passar esta fase sem fazer ondas, porque quanto mais fala mais chama a atenção para a calamitosa asneira que foi manter no governo a cáfila de correligionários seus que nos deixou nesta situação.

Agora Sócrates está metido num imbróglio inversamente proporcional à estatura do líder da oposição.
Prometeu em campanha, e após tomar posse, que não haveria portagens nas SCUTS. Prometeu que não seriam aumentados os impostos. Prometeu que não poderia haver mais congelamento de salários na Função Pública.
Quando Manuela Ferreira Leite chegou ao governo, aumentou o IVA, congelou as admissões e os salários da Função Pública por dois anos, acabou com as reformas antecipadas, acabou com o crédito bonificado (e bem), meteu portagens na CRIL (ou na CREL?), etc., etc. O resultado está à vista.
Com o petróleo a manter-se teimosamente acima dos 50 dólares por barril (estava a 35 quando Durão tomou posse!) e com o país que o elegeu cansado de sacrifícios, Sócrates não tem muita margem de manobra. Parece-me que o fim do seu estado de graça está para breve.

Em último caso podemos sempre vender isto aos espanhóis e ir de férias.

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