sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Confissões de um assassino económico
Porque reza esta senhora?
Na sequência do internamento do papa, são-nos mostradas cenas de crentes em compenetradas rezas.
É algo que sempre me intrigou. Porque razão rezam essas pessoas?
1ª hipótese: rezam a pedir as melhoras do papa.
Sendo o papa o representante de deus na terra, não compreendo porque terá que ser o pessoal subalterno a estabelecer as comunicações com o divino.
Em qualquer sociedade, o chefe das forças armadas não delega num soldado, nem num sargento, as comunicações sobre a sua situação com o presidente da república. Se o PR o decide chamar, para o promover ou admoestar, lá terá as suas razões, sendo inútil a utilização de quaisquer outras vias que não as oficiais.
Não me parece muito plausível um diálogo deste género:
- "Ó shor presidente, deixe lá o nosso general ficar mais um anito no cargo." - diz o ajudante de cozinha.
- "Está bem, já que tanto insiste, vou seguir o seu conselho." - responde o presidente.
Se deus já decidiu chamar o papa à sua divina presença, acho de uma enorme falta de educação as tentativas que estão a ser feitas para o contrariar.
2ª hipótese: rezam para que o papa, ao morrer, vá para o céu.
Neste caso também não vejo a utilidade das rezas.
Tendo o papa sido um leal funcionário, nada tem a temer.
No fundo trata-se até de uma promoção, passando de chefe de delegação para um qualquer lugar de prestígio na sede principal da empresa.
Se deus achar que não merece tamanha distinção, então lá terá as suas razões e não são os comuns mortais, com os seus insistentes pedidos, que o irão fazer mudar de ideias.
A não ser que se trate de um deus tipo Santana Lopes.... ai que já falei dele outra vez ... que chatisse.
Sem comentários
Numa declaração à saída do almoço de trabalho com Jorge Sampaio, Santana Lopes reconheceu que o "Presidente leu bem a situação" política nacional recente, que levou à demissão do seu Governo."Em democracia, não quer dizer que quem ganha tenha a razão absoluta, mas tem certamente mais razão do que quem perde", sublinhou o também presidente do PSD, que já anunciou que não se vai recandidatar ao cargo.
"O povo deu razão [ao Presidente] ao escolher outra maioria, apesar de o que esteve em jogo não foi essa decisão", referiu Pedro Santana Lopes, numa curta declaração feita no Palácio de Belém.
In Público 25.02.2005
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Astronomia
Mas eu sou apenas um cometa
Que se precipita explendoroso
Em compulsivas órbitas masoquistas e ousadas
E a cada passagem inevitavelmente consumido
Até já nada mais restar
Do que uma brilhante recordação
Em luz de poeiras sublimadas
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
Avião vai libertar compostos químicos na atmosfera para fazer chover
Eu acho que alguém devia mandar uma mensagem a NSF (N. Srª de Fátima) e companhia a considerar sem efeito as orações entretanto feitas que é para depois não virem recolher os louros daquilo que os outros fizeram.
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
Parabens à Portugal
Apesar de Fátima, do Big Brother e telejornais da TVI, dos casos e fanatismos do futebol, parece que Portugal ainda tem cidadãos que o querem continuar a ser de pleno direito.
Independentemente dos resultados eleitorais - que me deixam muito satisfeito - os portugueses deram uma lição de cidadania a si próprios.
Parabens portanto a Portugal. Esperemos que esta não seja uma manifestação efémera.
Pedro Santana Lopes - o psicopata
Porque é que não estou surpreendido?
PSL é um caso de estudo. Quem sabe um pouco de psicologia facilmente identifica no seu comportamento vários traços de psicopatia:
- Alguém que não aprende com os seus erros;
- Alguém que não assume as consequências dos seus actos;
- Alguém que, mesmo sabendo que o que faz lhe trará consequências nefastas, não hesita em errar novamente e segue em frente;
- Alguém que coloca nos outros a responsabilidade pelas suas falhas.
Esta será, provavelmente a última vez que falarei de PSL. O assunto já me causa um certo desconforto. De cada vez que penso que o meu país esteve à mercê de uma pessoa de uma baixeza de carácter tão grande, e saber que usou a minha querida Figueira para o fazer, deixa-me bastante incomodado. A sua tentativa de desculpabilização, própria de um garoto, aliada à falta de honra que demonstrou, são o remate final desta farsa de mau gosto.
Agora resta esperar que o mau cheiro passe e que o PSD saiba lexiviar eficazmente a purulência que o invadiu.
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
A bela natureza das coisas
terça-feira, fevereiro 15, 2005
O dabate a 4 (II)
Comunicado da Associação República e Laicicidade sobre o luto nacional
2. O falecimento de personalidades que tenham servido a República em cargos elevados, ou que tenham prestado serviços públicos de grande mérito, pode e deve ser assinalado com um dia de luto nacional. Nesse sentido, estranhamos que não tenha sido decretada tal solenidade aquando dos falecimentos - ocorridos durante o mandato do actual Governo - da antiga Primeira Ministra Maria de Lurdes Pintasilgo ou do lutador antifascista Fernando Vale.
(ou de Sophia Mello Breyner Andresen acrescento eu)
3. Lúcia de Jesus teve como único acto relevante da sua vida o papel que desempenhou nos acontecimentos de Fátima em 1917, que a tornaram mais tarde uma actora comprometida das encenações político-religiosas conducentes a legitimar o Estado Novo (deve-se-lhe a frase «Salazar é a pessoa por Ele escolhida para continuar a governar a nossa Pátria»), e foi portanto parte de uma operação político-religiosa que fracturou e ainda divide o país e a própria comunidade católica portuguesa.
4. Parece-nos portanto evidente que o luto nacional é, nesta ocasião, desapropriado e mesmo prejudicial à separação da política e da religião e à própria unidade nacional em torno dos valores democráticos.
Luis Mateus(Presidente da Direcção)
Ricardo Gaio Alves(Secretário da Direcção)
15-02-2005
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Acabou o sofrimento de Lúcia de Jesus
Portugal está subtilmente a ser levado ao colo em direcção a novos obscurantismos. Repare-se nas coincidências:
- Papa muito doente;
- Papa fica melhor;
- Papa envia uma comunicação a Lúcia, certamente a agradecer a cunha colocada a N.Sra. de Fátima para as suas melhoras;
- Lúcia morre de seguida carregada de bençãos e coloca-se a jeito para uma beatificação;
- Entretanto Cardeal Patriarca de Lisboa posiciona-se como um dos Papáveis (no sentido de poder vir a ser Papa, ó mentes preversas!);
- Paulo Portas suspende campanha - também a pôr-se a jeito para um milagrezito nas eleições;
- Santana, claro está, copia o aliado/não aliado e, para além de suspender a campanha, decreta um dia de luto nacional;
- O PS junta-se à hipocrisia e anuncia suspensão de algumas actividades.
E lá vamos nós cantando e rindo, tomados por tolos, a reboque do misticismo medieval e do obscurantismo secular.
Este país nunca mais acorda.
sábado, fevereiro 12, 2005
Um longo domingo de noivado
Acabei de ver o filme e apenas me surge um adjectivo: sublime.
Jean Pierre Jeunet volta a demonstrar o seu enorme talento.
Não sou crítico de cinema e, como tal, não posso elaborar sobre todos os aspectos subjacentes a filmografias semelhantes, nem me considero suficientemente conhecedor da matéria para emitir opinião autorizada. Contudo acho que o cinema é isto. Uma história que se constrói em torno de uma emoção profunda. Sair de uma sala de cinema e querer fechar os olhos porque a emoção que fica é demasiado forte para querer ver algo mais durante os próximos tempos.
A língua portuguesa tem uma palavra supostamente sem tradução noutras línguas - fado. A língua francesa tem uma palavra semelhante - chagrin. E este filme é sobre um Chagrin e explicar o que isto significa é como tentar explicar o que é o fado a um inglês. É preciso ver o filme.
Jeunet constrói uma envolvência extraordinária, misturando a tragédia da guerra com a beleza de uma primavera bucólica da França dos anos 20. Junta a dor com subtis rasgos de um humor muito particular a que já nos tinha habituado no "Fabuloso destino de Amelie". Os detalhes são extraordinários, quer ao nível do guarda roupa, quer ao nível dos pequenos pormenores dos utensílios domésticos ou das diversas habitações. Que dizer da gare de Austerlitz filmada como se a equipa de filmagens lé tivesse estado em 1920, a cidade de Paris com o seu trânsito, o mercado... os planos do farol, enormes. Os actores, excelentes - Audrey Tautou, deliciosa.
E o mar, subtilmente presente, imenso receptor discreto de lágrimas e esperanças... como isto me é familiar.
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
Crisis? What crisis?
"Os lucros do BPI aumentaram 17,6 por cento em 2004, ascendendo a 192,7 milhões de euros, muito acima do estimado pelos analistas financeiros." ("Expresso", 29-1-05)
"Os lucros conjuntos das três companhias de seguros do grupo Espírito Santo Finantial Group atingiram no ano passado os 49,5 milhões de euros." (PÚBLICO, 1-2-05)
"O resultado líquido do BCP subiu 17,2 por cento para 513 milhões de euros em 2004 face a 2003, acima do previsto pelos analistas, que apontavam para um valor entre os 476 e os 507 milhões de euros." (PÚBLICO, 26-1-05)
"O Banco Nacional Ultramarino encerrou 2004 com lucros de 8 milhões de euros, o que representa um aumento de 40,1 por cento." ("Expresso", 29-1-05)
"O lucro do BES aumentou 11,5 por cento para 275,1 milhões de euros em 2004, um crescimento acima das estimativas dos analistas (...). Os analistas previam um lucro líquido entre os 221 e os 270 milhões de euros." (PÚBLICO, 4-2-05)
"O Banco Nacional de Crédito (BNC) teve, no ano passado, um lucro líquido de 33,7 milhões de euros." (PÚBLICO, 28-1-05)
"A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa obteve receitas de 1014 milhões de euros em 2004, mais 24,7 por cento do que os 813 milhões arrecadados no ano anterior. Este resultado, apresentado como sendo um 'montante recorde' na história da instituição, teve como principal contribuinte o Euromilhões (...) Entre os vários países que aderiram a este jogo, Portugal está nos três primeiros, em termos de valor absoluto de apostas, e é o primeiro em valor 'per capita'." ("Diário Económico", 27-1-05)
"Portugal mantém a mais baixa taxa de produtividade do trabalho de toda a União Europeia (UE) e a mais alta taxa de abandono escolar, um dos piores níveis de qualificação profissional e um dos mais elevados riscos de pobreza e de exclusão social. Este quadro negro é traçado numa bateria de relatórios sobre a situação económica, do emprego e da protecção social dos Vinte e Cinco ontem publicados pela Comissão Europeia (...). O abandono escolar continua a atingir 40,4 por cento dos estudantes do ensino secundário, contra 15,9 por cento no conjunto da UE, e quase 40 por cento dos universitários. Só Malta apresenta piores resultados. (...) Bruxelas assinala igualmente uma 'tendência preocupante' para o aumento do desemprego dos mais velhos, o que agrava os riscos de pobreza." (PÚBLICO, 28-1-05)
Público, 8-2-05 Joaquim Fidalgo
A frase que diz tudo
in Público 9-02-05 - Fátima Bonifácio